terça-feira, 7 de julho de 2009

-=- A Sensibilidade do artista: Como trabalhar a sua Humanidade -=-

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"Sua sensibilidade é um dom, nunca deve ser um fardo."

Falar de um artista que é sensível é algo bastante comum em se tratando da formação do artista. O artista é sensível, parece cada vez mais acertado tratar disso como um fato, mas o que significa essa sensibilidade?

Primeiramente significa falar que o artista é reativo. Hoje cada vez mais nós vemos a sociedade disseminar valores que levam o indivíduo a se desumanizar cada vez mais e, conseqüentemente, deixar de reagir com certas situações que lhe são propostas. Vemos pessoas morrendo e sofrendo ao nosso redor e parece que isso não nos afeta. È comum. Estamos nos acostumando a não nos importar mais com o outro e com o seu sofrimento. O artista sempre se importa. Seja com aquilo de mais negro que a humanidade oferece seja com os valores mais elevados do ser humano. O artista se importa e trata desses temas através da sua arte, pois para ele isso não é um assunto fora da moda. Muitas vezes por se importar o artista é tratado como excêntrico e esquisito porque sua linguagem não é, literalmente, desse mundo.

No caso da arte sacra a missão desse artista é justamente lembrar aos seus irmãos que o cristão não deve deixar de se importar ou permitir que a mentalidade secular o leve a se desumanizar. É interessante que sua oração deve ser sensível o suficiente para estar aberto a entender àqueles temas tão importantes que muitas vezes acabam sendo esquecidos, mesmo que isso pareça estranho. O artista não se esquece dessas coisas. Deus não o permite. Deus está sempre a falar o impelindo a fazer da sua arte o caminho e a ponte que une as pessoas com Deus. E isso começa com o próprio artista se unindo cada vez mais a Deus.

Se esse artista reage ao que se apresenta ao seu caminho isso significa que ele reage ao que é positivo e negativo. O artista ama, se alegra, fica eufórico, tem raiva, chora. Tudo que cada ser humano em geral sente o artista sente, e não necessariamente sente de forma diferente. Ele sente como todos os demais. A única diferença é que o artista possui uma linguagem diferenciada para expressar esses sentimentos. A sua linguagem é a sua arte. Ele precisa expressar isso pela sua arte, no sentido de não correr o risco de ser engolido pelos seus próprios sentimentos. O artista muitas vezes vai sentir que as palavras ou os gestos ordinários serão poucos para expressar o amor que ele sente, por exemplo, então só resta fazer uso da sua arte para conseguir expressar esse amor que pulsa dentro do seu interior suplicando para que a arte traduza isso.

A sensibilidade diferenciada do artista é vista no momento que ele se encontra imerso no seu processo de criação artística. Não devemos entender o artista como alguém que tem na arte a desculpa para ser uma pessoa de difícil convivência e que tudo que ele sente acontece de forma exagerada. A diferença do artista na sua convivência com os seus irmãos é tão somente a sua capacidade de perceber nessas relações o material necessário para abastecer a sua sempre contínua necessidade de produção artística. Esse é o dom e a responsabilidade que Deus confere a cada um dos seus artistas. Nunca cessar de fazer a arte! Não que ele se volte de forma desenfreada, sem refletir, fazendo sua arte apressadamente, sem o devido cuidado com a qualidade do que produz, afinal é através dessa qualidade que ele transborda o louvor para com o Criador.

Daí, temos que, para trabalharmos a humanidade desse artista é preciso que ele entenda que a sua produção artística nunca terá fim. Ele poderá ter momentos de recolhimento, retiros para que desses momentos de pausa possa retornar de forma mais ungida e mais profunda no seu apostolado artístico. O artista que não sabe reinventar a sua arte não está preparado para se adaptar às novas características da evangelização no contexto atual. Assim como cada ser humano vai crescendo e se desenvolvendo ao longo da sua vida a arte também precisa acompanhar esse processo natural na vida do artista. Outra coisa importante é sempre fomentar no artista o lançar-se na vida comunitária, pois esse campo tão desafiante é sua fonte primeira de inspiração e criatividade. O artista precisa conviver para nunca esquecer o Coração Humano de Deus enraizado no seio da humanidade. Deus permanece acreditando no gênero humano e o artista sacro deve também teimar nessa crença e usar da sua arte como aquela ferramenta especial que não desacredita na mudança do mundo.

Por fim, o último ponto, mas não menos importante que é preciso levar em conta no trabalho com o artista é levá-lo à cela do autoconhecimento, como tão bem falara Santa Catarina de Sena. E esse autoconhecimento nunca poderá ser alcançado fora do espaço da oração. È cultivando a oração e sempre regando-a que o artista irá encontrar dentro de si o espaço para sua criação artística e também as melhores formas de conviver com os seus irmãos. É na oração que o artista deve ser sensível. Sensível para o que a vida lhe fala. Sensível para as necessidades dos seus irmãos. Sua sensibilidade é um dom, nunca deve ser um fardo.

4 comentários:

  1. Concordo em gênero, número e grau, nem tenho muito o que comentar.
    Ps: que bom que vc deixou de ser fanfarrão e atualiza o blog agora...

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  2. muito obrigado eu precisava ouvir rsrs ler isso as pessoas minha familia nõ me entende diz q sou vagabundo mais abriu meus olhos obrigado

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  3. Muito obrigada, corresponde ao que tenho vivido hoje! Deus lhe abençoe!

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